Disciplina - Química

Doping - Efeitos no Organismo

(...)"Um ser humano perfeito, imbatível, capaz de quebrar recordes e acumular vitórias. Para alcançar esse objetivo, muitos atletas utilizam métodos ou substâncias proibidas"(...)

No esporte, a grande maioria das federações esportivas do mundo adota uma lista de classes e métodos de substâncias dopantes.
Cabe ressaltar que essas substâncias são consideradas dopantes, de forma qualitativa e não quantitativa, ou seja, não se considera a quantidade, mas sim o que aparece, mesmo porque os métodos laboratoriais de detecção não chegam a um resultado 100% conclusivo para se determinar a razão do uso do medicamento: tratamento ou dopagem.

As substâncias dopantes estão divididas em cinco classes: analgésicos narcóticos, estimulantes, agentes anabolizantes, diuréticos e hormônios peptídicos e análogos.

Analgésicos Narcóticos

São substâncias proibidas no esporte e estão representados pela morfina, petidina e substâncias análogas.

São compostos derivados do ópio e que atuam no sistema nervoso central diminuindo a sensação de dor, sendo por esse último efeito o motivo pelo qual são utilizados por atletas, principalmente em esportes de bastante resistência como a maratona e o triatlon.

Este efeito de "mascaramento" da sensação de dor que os analgésicos narcóticos provocam podem ser prejudicial aos atletas, pois a ausência ou diminuição da sensação dolorosa pode levar a que um atleta menospreze uma lesão potencialmente perigosa, levando ao seu agravamento.

Outros efeitos prejudiciais destas substâncias ao organismo são a perda de equilíbrio e coordenação, náuseas e vômitos, insônia e depressão, diminuição da frequência cardíaca e ritmo respiratório e diminuição da capacidade de concentração.

Estimulantes

São substâncias que apresentam um efeito direto sobre o sistema nervoso central, já que aumentam a estimulação do sistema cardíaco e do metabolismo.

Os principais esportes onde encontramos atletas que fazem uso destas substâncias são o basquetebol, o ciclismo, o voleibol e o futebol.

Os maiores exemplos de estimulantes disseminados no esporte são as anfetaminas, a cocaína, a efedrina e a cafeína. Estas substâncias são usadas para conseguir os mesmos efeitos da adrenalina tal como o aumento da excitação. Além disso podem ainda aumentar a capacidade de tolerância ao esforço físico e diminuir o limiar de dor.

Apesar destas consideráveis vantagens que os estimulantes podem trazer aos atletas para que estes melhorem o seu rendimento, estas substâncias podem provocar alguns efeitos secundários potencialmente prejudiciais ao organismo tais como a falta de apetite, a hipertensão arterial, palpitações e arritmias cardíacas, alucinações e diminuição da sensação de fadiga.

Agentes Anabólicos

São compostos derivados de um hormônio masculino, a testosterona. Quando administrados no organismo estes compostos entram em contato com as células do tecido muscular e agem aumentando o tamanho dos músculos. Os principais esteróides anabolizantes são a nandrolona, o estonozoil, o anadrol e a própria testosterona, sendo estes alguns dos inúmeros produtos que existem no mercado na atualidade.

Quando tomados em doses altas os anabolizantes aumentam o metabolismo basal, o número de hemácias e a capacidade respiratória.

Estas alterações provocam uma redução na taxa de gordura corporal. As pessoas que os consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício físico, sendo principalmente por causa destes últimos efeitos que os anabolizantes disseminaram-se tão rapidamente no meio esportivo, destacadamente em atletas como halterofilistas, lutadores de artes marciais e eventualmente em todos os tipos de esporte que envolvam força explosiva.

Estudos científicos mostram que o uso inadequado de anabolizantes pode causar sérios prejuízos à saúde, tais como o aumento da agressividade, comportamento antissocial, alterações permanentes das cordas vocais em mulheres (a voz fica mais grave), aumento do músculo cardíaco e uma possível consequência de infartos em jovens, aumento da produção da enzima transaminase, atrofia dos testículos e dor no saco escrotal, ginecomastia (crescimento das mamas nos homens), esterilidade feminina e masculina, crescimento excessivo de pelos nas mulheres, aumento na massa muscular pelo depósito de proteínas nas fibras musculares, redução do bom colesterol (HDL) e aumento do mau colesterol (LDL), aumento do número de hemáceas jovens e diminuição dos glóbulos brancos, hipertensão arterial etc.,

Diuréticos

São drogas que aumentam a formação e a excreção da urina. Os principais exemplos de diuréticos que encontramos disseminados no esporte são o triantereno e a furosemida, sendo que estas substâncias são utilizadas por atletas esportivos em decorrência de dois fatores que podem provocar: perda de peso e mascaramento de doping.

No caso do efeito da perda de peso, estas substâncias são usadas de modo a reduzir rapidamente a massa corporal de atletas participantes de esportes onde há categorias de pesos. O boxe, o judô, o halterofilismo e o karatê são alguns exemplos destes esportes.
Também são utilizados como tentativa de aumentar a excreção urinária e com isso eliminar mais rapidamente eventuais substâncias dopantes, caracterizando assim o efeito de mascaramento do doping.

Além destes dois efeitos principais os diuréticos podem causar alguns efeitos secundários prejudiciais ao organismo tais como, a desidratação (diminuição de água no corpo), cãibra muscular, diminuição do volume sanguíneo, doenças renais, alterações do ritmo cardíaco e perda acentuada de sais minerais.

Hormônios Peptídicos e Análogos

São substâncias que atuam no organismo de modo a acelerar o crescimento corporal e diminuir a sensação de dor. A gonadotrofina coriônica humana, o hormônio do crescimento, o hormônio adrenocorticotrófico e a eritropoetina são alguns exemplos destes hormônios.

A) Gonadotrofina coriônica humana (HCG) é um hormônio sintetizado pelos tecidos cariônicos da placenta e é extraído e purificado da urina de mulheres grávidas". Este hormônio aumenta a produção de esteróides endógenos e o seu uso por atletas deve-se a sua capacidade de proporcionar o aumento do volume e potência dos músculos, sendo por essa razão utilizado principalmente em esportes que exijam treinamento de força.

Pode causar efeitos secundários potencialmente nefastos ao organismo tais como a ginecomastia e alterações menstruais.

B) Hormônio do crescimento (GH) é um hormônio sintetizado intensamente pelos seres humanos até o final da puberdade quando se verifica uma estabilização do crescimento ósseo e por esse motivo trava-se a produção dele por parte do organismo, daí quando usado pelo adulto o ganho de performance é pequeno.

A sua ingestão proporciona o aumento significativo de vários tecidos e entre estes está o tecido muscular sendo por esse motivo que atrai os atletas de força e velocidade. É possível que o uso prolongado de quantidades excessivas do hormônio do crescimento exógenos possa produzir alguns efeitos colaterais prejudiciais ao organismo tais como a acromegalia (crescimento desmedido das mãos, pés e cara), alteração no formato da face, alterações na voz, intolerância à glicose, hipogonadismo, compressão de nervos periféricos, hipertrofia cardíaca e doenças articulares.

C) Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), substância que aumenta o nível endógeno de corticoesteróides. O uso de ACTH dar-se com a finalidade de recuperação tecidual, sendo por esse motivo que é utilizado por atletas praticantes de atividades intensas cuja recuperação precisa ser acelerada; porém, se usado por períodos prolongados pode provocar enfraquecimento muscular acentuado. Dentre os principais efeitos que pode causar ao organismo destacam-se a insônia, a hipertensão arterial, diabetes, úlceras gástricas, perda de massa óssea e dificuldades de cicatrização das feridas.

D) Hormônio eritropoetina, a droga mais usada por ciclistas, triatletas, maratonistas e outros esportes de resistência. Este hormônio promove o aumento do número de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue e desse modo proporciona um maior transporte de oxigênio para as células. Com o seu uso, o atleta tem o seu consumo de oxigênio aumentado e, consequentemente, capacidade de exercer uma intensidade de esforço maior se utilizando do metabolismo aeróbio para a produção de energia. Dentre os principais efeitos causados pelo uso deste hormônio destacam-se o aumento da viscosidade sanguínea em decorrência do aumento do número de hemácias no sangue, a hipertensão arterial, possíveis infartes do miocárdio e cerebral, embolia pulmonar e convulsões.


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